O desembargador aposentado do TRT-2 Júlio de Araújo Franco Filho completou 101 anos de idade no dia 12 de outubro de 2018. Nomeado em 1956, dr. Júlio é um dos primeiros magistrados do Regional.
Exerceu a titularidade nas Juntas de Conciliação e Julgamento de Sorocaba e Jundiaí, em momento anterior à criação do TRT-15, quando essas unidades faziam parte da jurisdição do TRT-2. Mais tarde, atuou na 4ª JCJ da Capital e em 1979 foi nomeado juiz togado do Tribunal, como eram chamados os desembargadores do trabalho.

Bem humorado, extremamente lúcido e apreciador de bons vinhos, dr. Júlio diz “meu contrato vai até 111 anos. Quando chegar lá, renegocio as condições do contrato”.

A história do dr. Júlio se confunde com a própria história do Tribunal. Em visita à exposição “Memória do TRT-2: Uma Construção Coletiva”, em junho de 2018, dr. Júlio reconhecia, a cada vitrine, com um sorriso no rosto, os antigos prédios em que havia trabalhado e seus antigos colegas. Eram fotografias do primeiro edifício ocupado pelo TRT-2, na rua Conselheiro Crispiniano e de sua primeira geração de magistrados e servidores.

Dr. Júlio ingressou no TRT-2 no 2º Concurso da Magistratura, realizado em 1955. Ele se lembra de sua prova de concurso, aplicada pelos próprios juízes do Tribunal, que eram apenas sete.
Dr. Júlio conta que as faculdades de direito ainda não dispunham de uma disciplina de Direito do Trabalho. Então, os candidatos tinham que estudar por conta própria, porque gostavam do assunto, com muita pesquisa em doutrina, principalmente inglesa e francesa, algumas leis e os livros de Direito Social de Cesarino Júnior, pioneiro dos estudos de direito do trabalho no Brasil.
O 2º concurso também aprovou a primeira Juíza Trabalhista do Brasil, Neusenice de Azevedo Barreto Küstner, que foi colega de trabalho do dr. Júlio.

Logo após tomar posse, passou a presidir audiências nas antigas juntas de conciliação, tendo que aprender na prática, conta dr. Júlio. “Pode ficar aí, você está ótimo”, dizia o juiz titular da junta, Gilberto Fragoso. Foi juiz titular tanto no interior quanto na capital, onde “as juntas eram sempre lotadas”, chegando a receber cerca de trinta novos processos por dia na 4ª junta de conciliação de São Paulo.
O magistrado, aposentado desde 1987, visitou a exposição acompanhado de seu grupo de amigos, também aposentados do TRT-2 que, juntos, relembraram de diversas histórias de suas carreiras. Por sinal, é justamente uma dessas grandes amigas que nos apresentou o dr. Júlio: Maria do Carmo Sacramento de Castro, que trabalhou com ele na Corregedoria do Regional.
Muitos deles se reconheceram nas fotos da mostra, cedidas pela filha de João Baptista de Araújo, Maria Luisa Araújo, ambos servidores do Regional (ele, já falecido; ela, aposentada desde maio de 2019) mostrando como as histórias de vida se cruzam no Tribunal, criando vínculos afetivos que ficam na memória e que são revividos nesses encontros.
O grupo de amigos, formado durante sua trajetória no Regional, faz questão de se encontrar mensalmente, há mais de 20 anos, e conta com servidores e magistrados que trabalharam com o dr. Júlio nas antigas juntas de conciliação e julgamento e na Corregedoria. O cargo de Corregedor foi criado em 1981 e o dr. Júlio foi o 4º Juiz Corregedor, eleito em 1986, cargo no qual se aposentou, pela compulsória.



Dr. Júlio é parte da história do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região e prova de que os laços de amizade, construídos no dia a dia de trabalho, podem ser duradouros, assim como as memórias e as boas histórias.
Escrito por: TATIANA RYSEVAS GUERRA
Historiadora, jornalista e artista plástica, é apaixonada por museus e documentos antigos. Adora viajar, tirar fotos e pintar quadros. Sempre sonhou em contar a história do TRT-2, onde trabalha desde 2012, tentando unir criatividade à rotina do dia a dia.

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