Em 1º de maio de 1941, reunidos em um prédio da rua Conselheiro Crispiniano, no centro de São Paulo, autoridades presenciavam a cerimônia de instalação da Justiça do Trabalho. O acontecimento, noticiado nos jornais da época, ficou registrado com a letra cursiva do secretário “ad hoc” João Acácio Marchese, nas páginas do livro de registro de atas do Conselho Regional do Trabalho da 2ª Região, aberto dias antes pelo funcionário Jair de Gusmão e assinado por Eduardo Vicente de Azevedo, nomeado o primeiro presidente do órgão.
São detalhes presentes no documento octogenário, de páginas amareladas, que revelam as minúcias de um marco histórico da Justiça do Trabalho e também retratam pontos das trajetórias das pessoas ali presentes. Em suas folhas também constam as assinaturas daqueles que testemunharam e participaram da cerimônia, entre eles Rio Branco Paranhos, gravado na história como um dos maiores advogados trabalhistas de seu tempo, e Cesarino Júnior, professor da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que formou toda uma geração de advogados e juízes.
A ata de instalação, assim como diversos outros documentos históricos do primeiro ano de funcionamento do CRT-2, que anos mais tarde seria transformado no TRT-2, podem ser vistos na exposição virtual “O primeiro ano do CRT-2”, organizada pelo Centro de Memória em comemoração aos 80 anos de instalação da Justiça do Trabalho.

A abertura da exposição virtual ocorre em 10 de maio, data instituída como o Dia da Memória do Poder Judiciário pela Resolução nº 316 de 2020 do Conselho Nacional de Justiça. Integra, portanto, as atividades em âmbito nacional em prol da preservação da história e memória da Justiça brasileira.
Na exposição virtual também estão disponíveis recortes de jornais com notícias sobre a instalação do CRT-2, com detalhes sobre o processo de escolha do prédio e as nomeações de servidores e magistrados. Constam menções aos primeiros personagens, como o secretário do Conselho Regional do Trabalho da 2ª Região, Mario Pimenta de Moura, do primeiro presidente do Regional, Eduardo Vicente de Azevedo, entre vários outros que farão história.
Não são apenas documentos, mas fotos 3×4, que permitem conhecer os rostos desses primeiros colegas, servidores e servidoras, e dos magistrados do primeiro grupo que integrou o CRT-2 em 1941. Uma versão reduzida e inspirada pelo mosaico exposto entre 2018 e 2019 na exposição “História do TRT-2: uma construção coletiva”.

Além disso, temos o livro de registro de ponto da 1ª Junta de Conciliação e Julgamento da Capital, referência constante nos textos do Centro de Memória, permitindo uma viagem no tempo até o primeiro dia de expediente em uma secretaria de primeira instância. Nomes como Miriam Salcedo Machado e Eusébio Rocha Filho, entre outros, estão ali registrados para a posteridade, por serem aqueles que abriram as portas da recém-criada Justiça do Trabalho.
Outro item exposto é o processo mais antigo localizado no acervo do TRT-2, autos que contam um pouco da história anterior à criação da JT, dado que foi distribuído em 1940 à Delegacia Regional do Trabalho e, somente depois de 1941, redistribuído ao CRT-2. Curiosamente, quem assina o termo de distribuição é o mesmo funcionário que vai assinar o termo de recebimento: Mario Pimenta de Moura, cedido pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, já que o órgão fazia parte do Poder Executivo. O mesmo processo também traz um pouco da trajetória de sua autora, Vicentina Alves de Freitas, ex-funcionária da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Algumas das publicações expostas, são como marcos de fundação, pois trazem as nomeações do primeiro quadro de servidores, assim como os magistrados designados para presidirem as Juntas de Conciliação e Julgamento criadas naquele ano. Lá consta a publicação do primeiro grupo de estafetas, jovens que, em 1941, vieram trabalhar na JT, entre eles alguns que dedicariam toda a sua vida profissional ao órgão, como Maurício Lenine Pires e Mário Lopes Silvério.
As assinaturas e as marcas nesses documentos e referências, são como pistas que indicam caminhos e presenças que se complementam, e muitos deles são a base para as pesquisas realizadas sobre a história do TRT-2, disponibilizadas no Memórias Trabalhistas.

A exposição, com suas imagens, além de trazer elementos do primeiro ano de funcionamento da JT, também apresenta uma amostra dos materiais consultados pelo Centro de Memória e as fontes que embasam os textos de divulgação da história e da memória do TRT-2, integrantes de um acervo gigantesco e rico que, aos poucos, vai sendo disponibilizado ao público.
Como já mencionado, nos anos de 2018 e 2019, em três edições diferentes, a exposição “História do TRT-2: uma construção coletiva” expôs esse longo histórico de décadas, representado por documentos, objetos e imagens. Nessas ocasiões, o público interno e externo da instituição pôde transitar pelas instalações da exposição e, em diversas situações, reencontrar colegas da ativa e aposentados, ou mesmo, compartilhar com os presentes um pouco das memórias suscitadas por esses pedaços de história.
A servidora Isabel Ramos durante visita à exposição “História do TRT-2: uma construção coletiva”. Servidor do Centro de Memória realiza visita guiada na exposição. Fonte: acervo do TRT-2. Da esquerda para a direita: as servidoras Andreia Ramos Fontana, Maria Luisa Araújo e Isabel Ramos Fontana, durante visita à exposição “História do TRT-2: uma construção coletiva”.
Diante da situação atípica que todos temos enfrentado, na qual o isolamento social virou a regra no contexto de uma pandemia que tem tirado tantas vidas, a exposição virtual disponível busca representar um pouco dos acontecimentos ocorridos 80 anos atrás, permitindo que interessados possam acessar esses documentos e conhecer um pouco da história do TRT-2. Talvez, assim como as exposições anteriores, possa ser ponto de encontro (virtual) para o compartilhamento de memórias e impressões.
Por isso, convidamos todos a visitar a exposição “O primeiro ano do CRT-2” e fazer desse espaço um lugar para deixar seus comentários, registrar sua presença e compartilhar suas memórias.
Este texto foi publicado no contexto das atividades em comemoração aos 80 anos de instalação da Justiça do Trabalho da 2ª Região, realizadas pelo Centro de Memória do TRT-2 no ano de 2021. Para conferir outros textos produzidos durante as ações comemorativas, clique aqui.

Memórias Trabalhistas é uma página criada pelo Centro de Memória do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, setor responsável pela pesquisa e divulgação da história do TRT-2. Neste espaço, é possível encontrar artigos, histórias e curiosidades sobre o TRT-2, maior tribunal trabalhista do país.
Acesse também o Centro de Memória Virtual e conheça nosso acervo histórico, disponível para consulta e pesquisa.
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